terça-feira, 20 de maio de 2008

Assim caminha a humanidade

Eu agradeço todos os dias pela vida que tenho. Acho que você, se já não o faz, também deveria agradecer. Só o fato de estar lendo e compreendendo este texto já faz de você um privilegiado porque, no mínimo, você tem acesso a um computador com Internet, sabe ‘navegar’ na rede, sabe ler, e mais que isso, sabe interpretar uma leitura. Você está anos-luz a frente de milhões de pessoas, de seres humanos, como eu e você.

Não me sinto culpada por ter mais que muitos. Acho que se você, ou seus pais, ganham dinheiro de maneira honesta, também não devem se sentir culpados. O único peso que carrego na consciência é o de não fazer nada pelas pessoas que têm menos – menos dinheiro, menos conforto, menos educação, menos carinho.

A palavra ‘voluntariado’ sempre surge na minha lista de promessas para o próximo ano. Mas, assim como os itens “ser mais organizada e fazer atividade física”, fica ali, só na promessa. No entanto, ser uma garota flácida, em um quarto desarrumado, não me faz ser uma pessoa pior ou menor. Mas não doar um pouquinho do meu tempo aos mais necessitados sim!

De acordo com este site, que calcula o quanto você já viveu, eu estou neste mundo há 264 meses, 1153 semanas, 8077 dias e 193.823 horas. São mais de 11 milhões de minutos! Não há desculpa, eu tive tempo, eu tenho tempo. Falta vergonha na cara, eu acho! Não vergonha de ser privilegiada, mas vergonha do comodismo desta situação.

Bom, toda essa revolta interior surgiu com uma notícia que li nesta manhã, na Folha de S. Paulo, logo que cheguei ao meu trabalho:

Vinte e quatro pessoas já foram assassinadas em Johannesburgo, capital da África do Sul, desde a explosão de uma onda xenófoba, iniciada há nove dias. A camada mais pobre da população está em conflito com os imigrantes ilegais, vindos de países africanos vizinhos em busca de melhores condições de vida.

De acordo com especialistas, a razão do conflito é a disputa pelos subempregos da economia informal. Os clandestinos, alguns com diploma universitário, e a população sul-africana estão se matando por vagas de guardador de carros e empregado doméstico. Outros lutam pela chance de integrar máfias de tráfico de drogas e contrabando.


Conseguiram entender a revolta que senti comigo mesma? Eu estava lendo esta notícia no meu trabalho, onde exerço a profissão que escolhi, tenho carteira assinada e recebo um salário maior do que o de milhões de brasileiros e africanos. Só sendo muito fria para achar tudo isso normal, ok, natural.

Um comentário:

Unknown disse...

Nossa linda...dessa vez vc se superou...vc sabe o quanto eu me ligo nesse lance de concientização..e sei que vc tb se liga bastante......talvez foi por esse motivo que esse comentario no qual vc escreveu, foi escrito com alma...parabens, cada vez tenho mais orgulho de vc..!!.....BRAVO...BRAVO